Assis – Itália

A pouca distância da cidade de Assis, em espaçosa planície, está situada a Basílica de Nossa Senhora dos Anjos. Foi o local escolhido pelo saudoso e grande João Paulo II, para o Encontro Ecumênico ou Jornada de Oração pela Paz, com a presença de líderes e representantes de todas as Religiões.

A primeira ermida foi construída no fim do ano de 325, por quatro piedosos eremitas vindos de Jerusalém, tendo eles colocado ali, à veneração dos fiéis, uma relíquia do sepulcro da Santíssima Virgem, trazido da Terra Santa. Dedicaram-na à Maria assunta ao céu pelos Anjos, e daí se derivou o titulo “Santa Maria dos Anjos”, ou como dizemos, Nossa Senhora dos Anjos.

Cento e sessenta anos depois de construída a referida ermida, achando-a São Bento abandonada e em ruína, a reconstrói, aumentando-a e embelezando-a, e por ser uma porçãozinha da propriedade que ali tinham os Beneditinos, foi chamada igreja da Porciúncula (piccola porzione).

São Francisco, que deu tanta celebridade a Assis, freqüentou, quando criança, essa pequena igreja e, vendo-a mais tarde novamente abandonada e decadente, pediu ao Abade que lha cedesse, no ano de 1208. Tendo sido satisfeito o seu pedido, restaurou-a com as próprias mãos, construindo depois, em sua vizinhança uma cela, que preferiu a qualquer outro lugar, para estabelecer nela a sua morada. Depois de ter habitado nela, sozinho, durante dois anos, ouvindo um dia, ao Evangelho da Santa Missa celebrada nessa capela, a recomendação de Cristo a seus discípulos – que não levassem em suas viagens, nem dinheiro, nem alforje, nem bastão – tomou tais palavras como norma de sua vida, e como a primeira Regra da Ordem dos Menores, que instituiu, para promover com mais eficácia a glória de Deus e a santificação das almas.

É célebre portanto, a igrejinha da Porciúncula, por ter sido o berço da Ordem Franciscana, inclusive da Ordem de Santa Clara, por ela fundada, juntamente com São Francisco. Mas a causa principal da fama da aludida Capela é a singular mercê que São Francisco alcançou –

a INDULGÊNCIA DA PORCIÚNCULA.

A HISTÓRIA DA CONCESSÃO DESTA INDULGÊNCIA É A SEGUINTE

Em 1216, numa silenciosa noite de julho, S.Francisco, ajoelhado sobre a terra nua, estava absorto na profunda doçura da oração. De repente, na igrejinha da Porciúncula, onde ele orava, espalhou-se uma torrente de luz vivíssima, semelhante a uma grande auréola solar. E, no meio daquela cálida luminosidade de ouro, viram-se a doce figura de Jesus Cristo e a imagem sorridente da bem-aventurada Virgem, circundadas por uma grande multidão de Anjos imersos naquela imensa auréola de esplendores. Os dois celestes personagens, sentados num trono real, vinham visitar o seráfico Pai, e perguntar-lhe o que de melhor queria para a salvação eterna das almas. E sem hesitar um momento, Francisco respondera: “Santíssimo Pai nosso, conquanto eu seja miserável e pecador, rogo-te que a todos quantos, arrependidos e confessados, vierem visitar esta igreja, lhes concedas amplo e generoso perdão, com a completa remissão de todas as suas culpas.”

-“O que tu pedes, ó Frei Francisco, é grande”, disse-lhe o Senhor, “mas de maiores coisas és digno, e maiores coisas terás. Acolho a tua prece, mas com a condição de que, de minha parte, peças ao meu Vigário na terra essa indulgência.”

E Frei Francisco foi à presença do Papa Honório III, a fim de obter a confirmação de quanto pelo céu lhe fora concedido. Após contar-lhe o ocorrido, na presença de alguns Cardeais, o Papa lhe disse:

  • Desde de agora, concedemos que todo aquele que entrar na igreja de Santa Maria dos Anjos, sinceramente arrependido e confessado, seja absolvido de toda pena e de toda culpa; e queremos que esta indulgência valha cada ano, “in perpétuo”, por um dia somente, a começar das primeiras vésperas, incluída nelas a noite, até às vésperas do dia seguinte.”

Com a confirmação do Papa, Francisco voltava para Assis, quando sentiu necessidade de repousar. E foi então que, lhe foi revelado por Deus que a indulgência a ele concedida na terra pelo seu Vigário tinha sido confirmada também no céu.

No dia 02 de agosto do mesmo ano, dia designado para a solene consagração da igrejinha da Porciúncula, o “Poverello”, encarregado pelos Bispos de Assis, e de outras localidades, vindos para a fausta circunstância em Santa Maria dos Anjos, promulgou nestes termos, à imensa multidão de povo que o escutava, a célebre Indulgência:

-“Quero mandar-vos todos para o Paraíso. Nosso Senhor o Papa Honório concedeu de voz esta indulgência. Pela qual tanto vós que estais aqui presentes, como aqueles que neste dia, e nos anos subsequentes, vierem a esta igreja, com o coração bem disposto, e estiverem verdadeiramente arrependidos, terão o perdão de todos os seus pecados.”

Este o fato simples, genuíno, da Indulgência da Porciúncula.

Até 1304, esta indulgência ficara sendo um privilégio exclusivo do Santuário de Santa Maria dos Anjos. Mais tarde foi estendida a todas as igrejas da Família Franciscana. Após o Concílio Vaticano II, estendeu-se também a todas as Igrejas paroquiais para utilidade do povo de Deus.

Esta graça tem sido confirmada e ampliada por muitos sumos Pontífices a todos os Santuários da Ordem Franciscana. Após o Concílio Vaticano II, a dita indulgência Plenária da Porciúncula foi estendida a todas as Igrejas paroquiais, para utilidade do povo de Deus.