Quando Santa Clara morreu, a benção da Ordem iniciada por ela já havia se espalhado por terras bem distantes. Só documentados, sabemos de uns cem Mosteiros de fundação ou inspiração no ideal de Santa Clara de Assis, na Itália, França, Alemanha, Boêmia, Espanha e Oriente. Praticamente, os Mosteiros não possuíam uma denominação única, pois alguns as chamavam de Irmãs Pobres Reclusas, por viverem na clausura; outros as chamavam de Damianitas, devido ao fato de terem tido origem no Mosteiro de São Damião, onde residiam Clara e suas primeiras discípulas; outras vezes, eram denominadas Irmãs Menores, em paralelo com os Frades Menores. São Francisco, no seu espírito cavalheiresco, as chamava de Damas Pobres ou Pobres Damas. Santa Clara, na sua Forma de Vida, simplesmente as chama de Irmãs Pobres.
Após a morte de Santa Clara, o Papa Urbano IV quis unificar as denominações e determinou que todos os Mosteiros se chamassem da Ordem de Santa Clara – OSC. Passaram a ser chamadas popularmente de Irmãs Clarissas, nome que atualmente ainda perdura e as identifica.

O QUE FAZEM AS CLARISSAS?

Frequentemente alguns perguntam, ou por simples curiosidade, às vezes num tom de desafio, e muitos por sincero interesse, amizade e desejo de conhecer melhor suas Irmãs Clarissas: “Irmãs, o que é que vocês fazem?” talvez haja na pergunta ou na resposta alguma ambiguidade, pois fazer e ser misturam-se muitas vezes.
Respondemos humildemente: “Somos contemplativas”. Nossa missão na Igreja é ser orante. Grande parte do dia e algumas horas da noite estamos em nosso porto de sentinelas vigilantes, na contemplação silenciosa de nosso grande Deus, na adoração amorosa a Jesus Sacramentado exposto em nossa Capela, no canto coral do Ofício Divino ou Liturgia das Horas, integralmente rezado, e na Celebração Eucarística diária. Sempre em súplica intercessora junto de Deus.
É isto que esperam de nós as muitas pessoas que vêm até o Mosteiro, pedindo para rezar nas mais variadas intenções possíveis.
E o Mosteiro das Clarissas se torna um coração aberto para toda as lutas, alegrias, vitórias e sofrimentos que atingem a humanidade. Há sempre uma irmã disponível para atender, ouvir e dar a certeza de que todos os problemas, anseios e dores são levados a Deus em forma de prece.
Além dessa vida de oração propriamente dita, continuamos a oração da vida: o trabalho. Este, preferentemente manual, de modo a deixar a mente e o coração livres para mais facilmente estar em Deus. Os trabalhos são muito diversificados. Dentro de nossas possibilidades, de acordo com as necessidades da comunidade eclesial que integramos.
Confeccionamos paramentos sacros, túnicas e estolas litúrgicas e demais alfaias para o culto divino. Gostamos deste trabalho, muito de acordo com nossa vocação contemplativa. É lindo pensar que em tantos altares, muitíssimos sacerdotes e outros ministros celebram a Palavra, a Eucaristia, os Sacramentos, usando trabalhos que ocultamente fizemos para a glória de Deus, num ato de amor, de adoração e súplica, para que o Reino de Deus chegue ao coração de todos os homens.
Há também o trabalho junto à natureza, na horta e no jardim, identificando-nos com tantos de nossos irmãos, que colaboram com Deus no sustento próprio e dos outros.
Trabalhamos com cartões com mensagens de paz, harmonia e esperança. Há também trabalhos de artesanato: modelagem em gesso e pintura de imagens, confecção e decoração de velas. Existem ainda os trabalhos domésticos, feitos quanto possível, por todas as irmãs em familiar solidariedade. No Mosteiro, o problema não é o que fazer, mas como dar conta de tantas coisas a serem feitas. Santa Clara deixou em sua Forma de Vida a norma de trabalhar, para uma Clarissas: “As irmãs a quem Deus deu a graça de trabalhar, trabalhem sem perder o espírito de santa oração e devoção, ao qual devem subordinar-se todas as coisas.”

COMO SE CHEGA A SER CLARISSA?

Quando uma jovem se sente interpelada por Deus na sua escolha de vida, surgem muitas perguntas. É sempre assim. A gente quer saber tudo. Tanto para si, como para explicar aos outros a nossa opção de vida. Será que tenho mesmo vocação? O primeiro sinal de vocação está no querer: “Eu quero ser Clarissa”. Ou mesmo: “Estou querendo ser Clarissa”, para isso exige-se algumas qualidades consideradas indispensáveis.

Quais são as qualidades ou aptidões para ser Clarissa?

Alegria, espírito de fraternidade e de serviço, que são características marcantemente franciscanas clarianas. Gosto pela oração. É imprescindível sentir-se bem em estar com Deus, na oração silenciosa ou comunitária. A oração é a essência da vida contemplativa clariana. Saúde física e equilíbrio psíquico. A idade vai a partir dos dezessete anos. Tudo isso, envolvido num grande amor a Jesus, no desejo ardente de entregar-se a Ele, pela causa do seu Reino, na conquista do coração de todas as pessoas, nossos irmãos e irmãs, para Deus.

Qual o primeiro passo a ser dado para ser Clarissa?

Candidata: A jovem vocacionada que mantém contato com nosso Mosteiro, até o ingresso. É uma fase importante de discernimento, em que terá um acompanhamento vocacional. A jovem pode escrever, telefonar, ou visitar o Mosteiro. Esse tempo perdura quanto for necessário, e a jovem não tem nenhum compromisso com o Mosteiro, pois está discernindo a vocação.

Postulante: o Postulantado marca o tempo de preparação para o início da vida religiosa clariana, e tem a duração de um ano, em geral. Pode ser prolongado, se for necessário.

Noviça: Concluído o tempo de Postulantado, numa cerimônia familiar, a jovem recebe o hábito clariano marrom. Inicia o Noviciado, que é um tempo de aprofundamento na espiritualidade e no ideal abraçado, e uma preparação mais intensa para a Profissão dos Votos na Ordem de Santa Clara.

Profissão temporária (Juniorista): Terminado o Noviciado, que dura dois anos (e pode ser prolongado por algum tempo), a noviça, com plena liberdade, fará os Votos Temporários de Castidade, Pobreza e Obediência, vivendo em clausura, por três anos. Este período de Juniorato poderá ser prolongado por mais três anos.

Profissão Perpétua de Votos Solenes: Enfim, chega a última etapa. Com este período a irmã é integrada definitivamente na Ordem de Santa Clara, prometendo perpétua fidelidade como resposta ao amor incondicional de Deus.

São estas as etapas iniciais, na bela caminhada que inúmeras jovens e mulheres empreenderam antes de nós. As irmãs que ingressam num mosteiro clariano permanecem em geral, até o fim de suas vidas no mesmo Mosteiro. Somente partem para outro, no caso de realização de uma nova fundação, ou de prestar auxílio em outro Mosteiro.

Que nosso querido Deus ilumine muitas outras jovens para entrarem neste caminho clariano de seguimento evangélico!

Bênção de Santa Clara

O senhor Todo-Poderoso vos abençoe;
volte para vós os Seus olhos misericordiosos,
e vos dê a Sua paz! Amém.

Derrame sobre vós as Suas graças em abundância,
e no céu vos coloque entre os Seus santos! Amém.

Que o Senhor esteja sempre convosco,
e que vós estejais sempre com Ele! Amém.